Dançando na chuva
Sem cair um pingo.
E pouco importa
Se a porta é branca
Só quero passar.
Afastem os motores,
Veículos voadores,
O meu negócio é correr.
E tenho firma reconhecida.
Sei que em qualquer partida,
Eu quem dou o tiro de largada.
Sempre dei!
O problema é que nunca me viram com a arma.
O problema é que sempre tiram alguém de cena.
O problema é que sempre tem alguém que encena.
E eu, só vivo.
Só vivo. Vivo só.
Somente com a mente que vira pó.
Quem dera tivesse alguém que cheirasse.
Mas quando me veem torcem o nariz.
Eu só queria saber que mal fiz,
Pra ser tratado como um nada.
EU-SOU-GENTE!
Às vezes da vontade de gritar.
Mas de que adianta?
Tratam-me como uma planta,
Eu nunca tenho voz.
Voz?
Quem sois vós que me atormentas?
Eu tinha um amigo.
Ninguém mais o via.
Porém, isso não era cria da minha cabeça.
Minha cabeça? Não. Não a minha.
Ele se importava comigo.
Não olhava só pro próprio umbigo.
Também gostava de dançar.
– Carlos I. Gomes.