quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Monólogo do sem voz



Dançando na chuva
Sem cair um pingo.
E pouco importa
Se a porta é branca
Só quero passar.

Afastem os motores,
Veículos voadores,
O meu negócio é correr.
E tenho firma reconhecida.
Sei que em qualquer partida,
Eu quem dou o tiro de largada.

Sempre dei!
O problema é que nunca me viram com a arma.
O problema é que sempre tiram alguém de cena.
O problema é que sempre tem alguém que encena.
E eu, só vivo.

Só vivo. Vivo só.
Somente com a mente que vira pó.
Quem dera tivesse alguém que cheirasse.
Mas quando me veem torcem o nariz.
Eu só queria saber que mal fiz,
Pra ser tratado como um nada.

EU-SOU-GENTE!
Às vezes da vontade de gritar.
Mas de que adianta?
Tratam-me como uma planta,
Eu nunca tenho voz.

Voz?
Quem sois vós que me atormentas?
Eu tinha um amigo.
Ninguém mais o via.
Porém, isso não era cria da minha cabeça.

Minha cabeça? Não. Não a minha.
Ele se importava comigo.
Não olhava só pro próprio umbigo.
Também gostava de dançar.

– Carlos I. Gomes.





quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Disco de vinil



Descobri um lado mais vida.
Um lado que se lança,
Um lado que dança
A trilha sonora da morte.
Um  corte aberto que não sangra.
A contundência de uma palavra pedra,
Que quebra vidros com pancadas sonoras.
Eu não sabia da força,
E nem da fraqueza que tenho.
Vi que além do desenho,
Existe folha.
Vi que além de bolha,
Existe sabão.
E que minha mão
Carregaria mais que um punhado de areia.

- Carlos Gomes. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Fogo

O fogo, já dizia Heráclito, 
É o princípio da vida. 
Fogo é movimento, 
Não é encremento, 
É essência!
Queima, esquenta, aquece, acalenta. 
Fogo é poesia. 
Encantadora, devastadora, 
Que até na sutileza, machuca. 
Assim é a poesia. Aprecie! 
E só a toque se quiser ser queimado. 
Sou mais um menino desajuizado, 
Que gosta de brincar com palavras. 
Esta que me chama, na chama, 
Que ama a noite. 
Se falo de saudade,
De amor, de vontade. 
Da natureza com sua beleza inspiradora, 
Há sempre duas pedras criadoras, 
De uma solitária fagulha. 
Fogo é paixão! 
E todo mundo um dia acende. 
Quero saber quem pretende, 
Manter-se aceso. 
Talvez o que digo não te serve, 
É que minha cabeça ferve, 
E não desperdiço fumaça! 

- Carlos Gomes. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O caos do Silêncio!


Eu gosto de parar no meio do caos. Gosto de parar pra refletir enquanto os destroços caem do meu lado. E quando vejo que o tempo é curto, e a única alternativa é correr, eu paro e caminho. Afinal de contas, é preciso aquecer antes de uma maratona. É preciso um preparo prévio. Se não, enfarta. Eu que não vou morrer do coração. Paro para tomar fôlego. E como bom maratonista, procuro conhecer o percurso antes de correr; Procuro me poupar nas subidas, e aproveitar as ladeiras; Sentir o vento no rosto. Mas pra sentir a brisa, é preciso gastar pulmão. O quão você se gasta por minutos de prazer? O suor que desce vale a pena? E quantas vezes você queimou largada, por não ter a sensatez de caminhar? Estou descompassado. Por vezes sou o silêncio no intervalo de duas notas. A sorte é que ainda sou música. Pois com três notas se faz um ACORDE!


 – Carlos Gomes.