quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O Amor, a Vida e a Morte!



Se o amor não se entende,
A vida ensina com o erro.
E se a morte causa dor,
E a dor, o desespero.
A vida traz na flor,
O renascimento de um enterro.

O enterro daquele,
Que já foi um em dois.
Do coração que se partiu,
E metade foi logo depois.

A outra metade ficou.
Foi engolida pela terra.
Fazendo nascer uma flor,
Numa noite de primavera.

E quem nunca teve o coração partido,
Não sabe de verdade o que é uma flor.
Pega, puxa, chuta e rasga,
Não sabe tratar com amor,
Aquela que já foi linda,
Não merece sofrimento nem dor.


A vida seria mais bela
Se não fosse irmã da morte.
E para livrar-se das duas,
Não adianta nem a sorte,
Daquele que ganhou na loteria,
Cheio de dinheiro no pote.

– Carlos Gomes.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Latido


Mais uma vida que se foi.
Sem explicação, sem tchau,
Ou um último oi.
Até não poderia.
Desta eu queria apenas um latido.
Desses que não precisa ser perto do ouvido,
Pra ser marcante, pra não esquecer.
Algo dentro de nós insiste em dizer:
Quem é importante não merece morrer!
Pra mim, um latido sempre importa.
Seja oque te recepciona,
Ou o que te coloca pra correr.
Um latido sempre importa.
Uma das melhores coisas é passar pela porta,
E receber uma lambida.
Ou quem sabe uma mordida,
Daquelas que te puxa pela calça só para brincar.
Afinal de contas, é isso que os amigos fazem.
Eles brincam!
Sem importar a idade,
Cor, sexo ou espécie.
Meus caros, meus amigos então morrendo!
Não porquê sou velho.
Pra falar a verdade,
Nem sei o por quê.
Não sei se vais concordar comigo,
Mas às vezes o que é mais consola,
É o som de um latido.

 – Carlos Gomes



quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Monólogo do Grito



Grito só pra saber se estás atenta.
Se tu tentas escutar gritos mudos.
Grito como a luz no escuro.
E também como um grão de areia no pasto.
Mas não me afasto.
Pois sinto tudo.
E às vezes oque vem e por mim passa,
Comporta-se como uma traça,
Quando vê roupa velha.
E se tu me chamas do que queres.
E se tu não queres saber de mim,
Fala! Grita! Só pra ver se o juiz apita,
Dizendo que chegou ao fim!


 – Carlos Gomes.  

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Passos...


Estranheza foi o que senti quando me vi cruzar outro caminho. Meus trajes se confundiam entre o novo e o velho. Éramos dois, e me via ao longe. Os passos tinham o mesmo ritmo em caminhos opostos, e foram rapidamente mediados por uma criança. Fazia muito tempo que eu não o via. O meu outro “eu” caminhava rumo a um lugar deserto, pronto para ser esquecido. O caminho qu’eu seguia, era contemplado por vozes de diferentes tons e timbres; Risadas; piadas proibidas; festas que acabavam n’outro dia. Entretanto, quando me vi ao longe, andando com a certeza da solidão, parei. Perguntava-me o porquê de existir um outro “eu” que não queria seguir a mesma estrada. Até que no meio dessas highways de oposição, surge a criança que falei anteriormente.  Não, não era um “terceiro eu”. Mas quando o vi, retrocedi. Vi também, que meus passos iam rumo à realização de um desejo, desejo esse que mesmo sendo meu, seguia apreensivo. Voltamos! Não chamo o ponto que voltei de “estaca zero”, chamo de “ponto de partida”. E quando nós, ou melhor, Eu, chegamos enfrente à criança: abrimos um sorriso! 

 – Carlos Gomes.