quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O Desenhista

No silêncio do escuro,
Um filete de luz se anuncia.
Se não fossem com os traços de lápis,
Talvez com a boca, falaria.
Toda via, em todas as vias
Já trafegavam carros,
Todos os dias pareciam caros,
A semana ficou falida.
É preciso saber o que se apaga,
Se é flor ou se é adaga,
Pra não comprometer o desenho.

-Carlos I. Gomes.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Supetão



Sabe aquela amizade de infância?
Foi construída agora.
Todo o carinho que eu deveria ter pelos do passado,
Foi cravado pelo teu carinho presente.
Confessei a ti o meu maior pecado,
E em um abraço apertado,
Me deixaste contente.
És semente!
Pois tens muito a germinar.
Em mim, estás brotando.
Ganhando cada vez mais espaço.
Não tem esquadro, régua ou compasso,
Que diga o ângulo, o comprimento ou o ritmo.
E desse barco que sou marujo,
Quanto mais limpo,
Mais estou sujo,
Te declaro: Capitã!

-Carlos I. Gomes.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Até a próxima!



Esbarrei nos teus cachos.
Pretos, assim como os meus,
Que feitos, assim como os teus,
Costumavam se aquietar.
Não dessa vez.
Um alvoroço.
Pareciam se alegrar com o suor derramado pela dança,
Pareciam bailar como a esperança
De jovens sonhadores.
Parecia ter a força de mil homens,
Com mais de cem cavalos de potência.
Parecia essência!
Agora espero a vez do Coco pisado.
Pra de novo escorrer o suor,
Pra de novo nós dois dá um nó,
Desses que não solta com pente.

-Carlos I. Gomes.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Somos



Somos gente, somos mente,
Somos corpo, quiçá espírito.
Somos grito que sussurra as quatro cantos,
Somos prantos sorrisos e alegrias.
Somos a construção e também os engenheiros.
Passageiros de uma só embarcação.
Somos vida, somos morte,
Sem precisar se sorte,
Muito menos de azar.
Os nossos braços servem de abrigo,
Para o amigo que enfrenta a tempestade.
Não somos metade, nem um todo fechado,
E nem um cadeado,
Que precisa de uma chave.
Somos tantos que já nem sei ao certo,
É como dizia Humberto:
“Somos quem podemos ser,
Sonhos que podemos ter”,
Que nunca foram,
Nem tiveram!


– Carlos I. Gomes.